Artigo: DTUcoin: O Dinheiro que Cresce em Árvores


DTUcoin

Artigo: DTUcoin: O Dinheiro que Cresce em Árvores

“Tudo é ousado para quem a nada se atreve.”
Fernando Pessoa

 

A Economia se define com a criação da agricultura.  Até ali, os caçadores-coletores viviam mais ou menos a mesma situação, caçando a comida do dia e usando as peles dos animais para vestuário.  O escambo era o meio natural de suprimento de necessidades.  Com o surgimento da agricultura, as coisas começam a mudar.  Quem plantava trigo não usava toda a colheita para fazer pão e os grãos que sobram duram certo tempo e podem ser trocados não imediatamente, mas em um futuro próximo.  Aí começa o acúmulo de riqueza.  Os grãos que sobram não são tão fáceis de transportar e alguém tem a idéia de depositar estes grãos todos em um mesmo armazém, dando um recibo ao dono e cobrando uma pequena taxa para garantir a vigilância dos mesmos.  Com o tempo, o dono da terra não precisa retirar parte dos grãos a cada vez que deseja trocá-los por outra mercadoria, trocando apenas recibos.  A comodidade desta situação levou o dono da terra a expandir sua plantação e, para tanto, contratou mão de obra.  Ao perceber que a simples posse da terra lhe facilitava imensamente a vida, o foco do agora senhor passa a ser a extensão de seu patrimônio.  Concentrando-se nisso, não tem mais tempo para as tarefas diárias e precisa de serviçais que lhe garantam a comida, as roupas, o plantio de suas terras.  Agora, os coletores-caçadores passam a desempenhar novas funções e surgem então as profissões.  Também aí uns desempenham funções melhores que outros e o alfaiate começa a acumular recibos dos grãos que o senhor da terra tem depositado no armazém.


Mas ainda que durem certo tempo, os grãos acabam apodrecendo e é preciso substituí-los por algo mais duradouro.  Evidentemente, a comida sempre foi um dos produtos mais procurados, especialmente a carne.  Mas sem refrigeração, a carne apodrece e a alternativa é salgá-la.  Para caracterizar ainda melhor sua posição de moeda, a extração do sal exige investimentos e mão de obra especializada; ou seja, é relativamente escasso e muito procurado.  Está caracterizada sua função monetária.  Mas ainda não é ideal.  A utilização de metais na fabricação de moedas caracterizou –definitivamente- nossa apreensão de dinheiro.


No início, a moeda representava exatamente seu valor e o cobre foi o primeiro metal usado em sua cunhagem.  Por conta das desigualdades que surgem naturalmente na Economia, com o rico cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre, há que se estabelecer regras para o jogo e estas regras foram estabelecidas pela primeira vez, por Sólon1, na Atenas de 600a.C..  Na época, os pobres queriam o perdão de suas dívidas e um pedaço de terra, onde pudessem recomeçar.  Mas isso significava prejuízo dos ricos, o que também não era a solução ideal.  Assim, Sólon resolveu usar o dinheiro público para pagar a dívida dos pobres.  O problema, é que não havia dinheiro suficiente.  Então, o jeito seria misturar metais menos nobres na hora de cunhar as moedas, aumentando o volume de dinheiro disponível sem que houvesse necessidade de minerar-se mais prata.  Como as pessoas confiavam na moeda emitida pelo governo, a tática deu certo e, em sua próxima jogada política, Sólon criou a democracia.
Fato é que a base de nossa Economia é a fé, sendo muito tênue o equilíbrio quanto ao volume de dinheiro disponível; abrindo espaço para as mais sofisticadas e complexas teorias econômicas.


Até agora, a Economia baseou-se na prodigalidade: mais produtos, mais consumidores, mais, mais, mais.  O que não foi levado em conta, a partir da revolução industrial, é que este consumismo desenfreado cobraria seu preço e aí entra o ser humano, o único ente na cadeia da vida a produzir lixo.
Em 1802 atingimos a marca de 1 bilhão de pessoas no planeta.  Em 2050, seremos 10 bilhões.  Se China e Índia continuam a crescer às taxas atuais, como será a vida, em 2020?  Sessenta e cinco por cento da água na China está contaminada.  A foz do Ganges entupiu, com tanto lixo que recebe diariamente.  Diversas espécies estão ameaçadas, o Oceano Pacífico tem a grande mancha de lixo, com estimadas 150 milhões de toneladas de resíduos e o Atlântico também já conta com sua ilha de lixo.  A montanha mais alta do litoral leste dos EUA é formada pelo lixo do aterro Fresh Kills, em Staten Island.  Só nos EUA, cada cidadão é responsável pela deposição na Natureza de algo perto de quinhentas toneladas de lixo por ano.


Isso ocorre porque não computamos em nossos balanços o comprometimento dos recursos naturais.
Em seu livro A riqueza das Nações, de 1776, Adam Smith propõe o conceito de deseconomia como sendo o custo de nossos ciclos produtivos para a Natureza.  Desde então, surgiram inúmeras propostas de parametrização destes custos mas, devido à linearidade das abordagens, tais propostas se mostraram inadequadas, face a complexidade do mundo.


Duzentos e quarenta anos depois de Adam Smith, a ZerO2Nature chegou à monetização das deseconomias com uma pergunta muito simples:  Qual o cenário proposto para estabelecimento do custo deste ciclo produtivo para a Natureza?
A partir daí, o padrão ZerO2Nature desenvolveu o Potencial de Impacto Ambiental ou EIP na sigla em inglês, que permite monetizar toda e qualquer deseconomia dos ciclos produtivos antrópicos, dentro de 104 diferentes cenários.
Com este sistema, cria-se a DTUcoin, a primeira moeda verde do planeta, que abre um mercado de 50 trilhões de dólares por ano.
Quando surgiu, em 2008, o Bitcoin trouxe toda a novidade de uma moeda virtual.  A primeira transação feita em bitcoins foi a compra de uma pizza, por 50.000 bitcoins.  O valor atual desta pizza? US$26 milhões.  É isso mesmo: em 8 anos, o bitcoin valorizou 870.000 vezes.  A DTUcoin é um bitcoin verde.  Qual será seu valor em 8 anos?

 

por Patrizia Tomasi
Engenheira Holista Diretora da Planck E
Membro ativo da ONU/UNFCCC Assessment Team

 


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